segunda-feira, 10 de março de 2008

Pausa...

Terminada a viagem ao Sudão termina igualmente a razão de ser deste blog, pelo menos por enquanto. Se a coisa correr bem, talvez daqui por uns meses, em Junho e aquando da minha passagem por Juba e Rumbek, no sul do Sudão, volte a reanimar este espaço da blogosfera. Vamos ver como correm as coisas. Por isso, em vez de um adeus, fica apenas um até breve.
PS: e um obrigada a todos os que por aqui foram passando, espreitando, comentando...

domingo, 9 de março de 2008

O regresso

O regresso a Portugal foi cansativo, mas sem problemas. O voo de Khartoum a Frankfurt foi um pouco atormentado pela falta de cartão de embarque na ida e pela possibilidade de greve nos aeroportos alemães que tinha, na véspera, obrigado ao cancelamento de mais de 100 vôos para a destinos europeus.. depois do filme da ida, não me apetecia nada ser protagonista de mais peripécias em aeroportos do mundo. Felizmente consegui cartão de embarque para o Airbus 300~600 vindo de Nairobi, e felizmente não houve greve nem atrasos em Frankfurt. Mas não nego que houve peripécias interessantes até à hora de entrar no dito avião em Khartoum. Por exemplo, é preciso pagar uma taxa de saída no valor de 35 libras sudanesas (o equivalente a cerca de 12 euros) e até nessa altura o rapaz do guichet, depois de ver que o meu passaporte era português começa a gritar 'Ah, Portugal! Figo, Cristiano Ronaldo, Quaresma! Very good very good..'. É a nossa sina, só pode ser; adiante, na passagem para o hall de controlo do passaporte é preciso preencher um formulario de saída, com todos os dados pessoais e motivos da visita ao país (a burocracia sudanesa é qualquer coisa de indescritível, acreditem); em pleno terminal interno do aeroporto cai um gato do tecto, vindo nao se sabe muito bem de onde, no exacto momento em que eu ia a passar; o controlo de segurança dá prioridade aos árabes independentemente da fila ordeira de passageiros estrangeiros e por isso este torna-se um processo lento e algo sofrível; o trajecto para o avião é feito de autocarro, mas a distancia não é mais de 100 metros; last, but not the least, a entrada para o avião é obrigatoriamente ordeira e em grupos de 5 pessoas de cada vez. O resultado final foi o atraso do vôo, claro. Tirando isso, tudo normal ;)

quarta-feira, 5 de março de 2008

Balancos finais


Hoje 'e o meu ultimo dia em Khartoum, pelo menos nesta primeira viagem. Se tudo correr bem, conto regressar ao Sudao em Junho mas dessa feita ao Sul (Juba e Rumbek) para mais uma leva de entrevistas e trabalho de investigacao. Levo desta experiencia e desta estadia a melhor imagem possivel dos sudaneses. A simpatia, acolhimento e humildade sao de sublinhar, sem duvida alguma, assim como a coragem diaria de grande parte destas pessoas. Viver em Khartoum (e no Sudao) nao 'e facil. Decadas de guerra, a imensidao do territorio, as adversidades naturais e um governo de legitimidade duvidosa e poderes autoritarios fazem com que este seja um pais dificil, mas com uma imagem significativamente distorcida pelos acontecimentos tragicos no Darfur. Felizmente o Sudao nao 'e so o Darfur e espero que estes relatos tenham passado essa ideia. Alem do po entranhado na pele e nos sapatos, levo daqui os sorrisos, os risos, as esperancas, as angustias dos sudaneses; a imagem de um povo que com tao pouco consegue ainda assim fazer tanto. Por essas razoes, em Junho voltarei com gosto e com vontade.

As ultimas horas em Khartoum


'E mesmo a contagem decrescente para o regresso :)

Curiosidade do dia: IBM

A vida sudanesa parece reger-se pelo espirito 'IBM': Inshallah (oxala), Bokra (amanha) e Mallesh (desculpa). Isto porque os sudaneses tendem a ser profundamente crentes na vontade de Ala para conseguir os seus objectivos, gostam de deixar as coisas para depois e sempre que nao cumprem pedem desculpa...

segunda-feira, 3 de março de 2008

Camelos


E, sim, vi camelos, eles existem por aqui... eis a prova ;)

Circular em Khartoum parte II




Ainda sobre as minhas andancas e correrias pelas ruas de Khartoum e seu transito caotico, e apropriando-me de um excerto de uma conhecida musica de Frank Sinatra, so vos digo isto: 'If I can make it there, I'll make it anywhere...'! 'E uma aventura diaria, garanto-vos. E normalmente bem divertida. Vai ser giro voltar a habituar-me 'a 'calma' de Coimbra :)

As leis do casamento

Fiquei hoje a saber, por acaso, que no Sudao ha uma lei que obriga a que todos os casamentos e respectivos festejos terminem 'as 23h00 (agora percebo porque 'e que aqui ha dias um amigo meu saiu de casa 'as 21h00 para um casamento e chegou a casa pouco passava das 23h30...) e que o casal recem-casado so se pode registar num hotel a seguir se levar o respectivo comprovativo devidamente assinado por quem realizou a cerimonia... Algo me diz que esta lei nao seria muito bem aceite entre os portugueses que tanto apreciam os festejos e bailaricos noite fora, tao tipicos dos nossos casamentos! Mas se o Socrates sabe disto, ainda 'e bem capaz de adoptar uma lei assim; ao fim ao cabo, alem do ingles tecnico, ele parece ser igualmente bom a tomar medidas pouco populares ;) Se bem que, por outro lado, esta coisa de acabar o casamento 'as 23h00 poupava a alguns umas valentes secas e as igualmente tipicas dores de pes causadas pelos sapatos, bonitinhos, mas desconfortaveis que normalmente se usam! Hummm, ate nem era mal pensado...Alguem tem o e-mail do Eng. Socrates?

Curiosidade do dia

A poucos dias de me despedir de Khartoum e do Sudao, fiquei a saber que por estas bandas e em arabe, Portugal significa laranja (o fruto e nao a cor, entenda-se)! E fiquei a saber isto por acaso e em circunstancias particularmente engracadas. Pelas ruas de Khartoum, sobretudo em Amarat, ha sempre imensos vendedores de fruta ambulates, que carregam caixas de laranjas ou morangos frescos aos ombros. Um dia destes, quando regressava a casa, o taxista, que ja me tinha perguntado de onde era, parou em frente a um desses vendedores, apontou para uma caixa de laranjas e disse, entre gargalhadas: 'aqui esta, o teu pais inteiro dentro de uma caixa!'.. Foi ai que percebi que em arabe 'portugal' sao laranjas ...How fun is that? :)

Farouq, a primeira refeicao do dia


No Sudao, o farouq cumpre-se diariamente entre as 9h e as 11h da manha e equivale ao nosso pequeno-almoco, mas 'e bem mais substancial e obedece a regras bem mais definidas. Por toda a cidade, a essa hora, as pessoas reunem-se nos cafes, ou mesmo nas muitas banquinhas improvisadas nas esquinas e onde as mulheres asseguram um cafe ou cha a qualquer hora do dia. O farouq consiste num prato fundo de metal (gidra) onde se misturam feijoes guisados (ful) em oleo, especiarias e servidos com pao (kisra). A refeicao 'e partilhada por todos, da mesma tigela e acompanhada por cafe (ghawha), cha (shai) ou sumo de frutas. A consistencia e composicao do farouq explica-se pelo facto de esta ser a mais importante e, para muitos, a unica e mais completa refeicao durante todo o dia. (Li algures que, nos meios mais pobres, este mesmo prato 'e improvisado e consiste apenas em pao embebido na agua de cozer os feijoes; e em vez de farouq chama-se bush, nome que foi buscar' a epoca em que o Presidente Bush (pai) decidiu suspender a assistencia alimentar ao Sudao por alegado apoio do governo ao regime de Saddam Hussein durante a primeira guerra do Golfo!Espirituosos, os sudaneses..). Mas nao deixa de ser um quadro bem interessante, o que se ve, todos os dias, 'a mesma hora, nas ruas de Khartoum. E se a este cenario de rua juntarmos as cores vivas das vestes (tobes) das mulheres, o branco das jallabiyas dos homens e o colorido das bancas de frutas e vegetais espalhadas pelas ruas, temos sem duvida um quadro belissimo e muito interessante da realidade social sudanesa.

sábado, 1 de março de 2008

Comunidade internacional


A presenca da 'comunidade internacional' 'e bem visivel no quotidiano de quem vive em Khartoum. No bairro de Amarat, perto do aeroporto, essa presenca ve-se sobretudo nos jipes brancos e de matricula vermelha com a respectiva indicacao da organizacao a que pertencem (ONU, UE, Embaixada, ONG...) estacionados em frente a casa sim casa nao, assim como a circular por toda a cidade. A presenca da ONU 'e, talvez, a que mais se nota, e isso percebe-se tambem pela pergunta constante que me fazem nos taxis onde entro: 'Are you working for the UN?' La vou respondendo que nao, sem entrar em grandes pormenores, mas tentando sempre tirar as minhas conclusoes sobre o assunto. Um destes dias, um alto cargo do Programa das Nacoes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), um simpatico somali, disse-me que os sudaneses tem sorte em ser alvo de tao grande atencao internacional e por terem tantas organizacoes internacionais envolvidas na reconstrucao e desenvolvimento do pais. 'Tomara muitos paises africanos; a Somalia, por exemplo! Custa-me que nao haja ninguem envolvido assim no meu pais...', diz-me. Percebi o que me quis dizer, mas perguntei-lhe, ainda assim, se achava que essa presenca vasta e significativa se traduzia em resultados positivos e concretos ou se, pelo contrario, nao contribuiria para uma certa 'dependencia' relativamente 'a assistencia internacional ou mesmo para algum cansaco por parte da populacao... Desviou o olhar por uns segundos, bebeu um pouco mais de cafe, franziu o sobrolho em jeito de duvida e nao respondeu. E eu tambem nao insisti...

Amizades


Nos ultimos dias, o trabalho foi apertando (assim como o calor, diga-se de passagem...) e o tempo foi escasseando para passar por aqui. Ja sao poucos os dias que me restam em Khartoum e tenho de garantir os ultimos contactos antes de ir. O balanco 'e francamente positivo e sinto que valeu bem a pena vir. O trabalho academico beneficia significativamente do contacto com a realidade que se estuda e analisa, e 'e bom que assim seja; ganha em seriedade, pelo menos. Mas ter vindo a Khartoum tem o valor acrescido de me ter permitido conhecer pessoas absolutamente fantasticas e de uma simpatia e humildade que ja nem sempre se encontra. O Ahmad, taxista sudanes com os seus sessenta anos e um ingles perfeito, 'e o exemplo dessa simpatia. Conheci-o num dos dias em que precisei de taxi para me deslocar ao centro da cidade. No final da viagem, e depois de uma animada conversa sobre as diferencas entre Portugal e o Sudao e sobre a minha vontade de conhecer a o resto da cidade, deu-me o numero de telefone para que lhe ligasse sempre que precisasse de ir a algum lado ou mesmo se algum dia quisesse que me mostrasse Omdurman (a parte mais cultural da cidade). Uma vez que ontem era o meu ultimo dia livre (o equivalente ao nosso domingo) em Khartoum, decidi ligar-lhe para me levar a conhecer um pouco mais da cidade. Foi uma tarde bem divertida, completamente diferente, por mercados de frutas e legumes, chas, bugingangas e sapatos, camelos, vacas, cabras, tudo. Levou-me ao Souq shabi ao Souq Lybia, contou-me sobre as suas viagens aos EUA, Inglaterra, Dubai, Somalia, Arabia Saudita, da sua familia e do seu orgulho em ter apenas uma esposa (e nao 4 como outros muculmanos, porque isso significaria ter 4 vezes mais problemas!), dos seus 5 filhos, das desigualdades sociais no Sudao e do gosto que tinha em poder mostrar-me a sua cidade. Como se nao bastasse, no final fez questao de me oferecer um sumo de laranja fresco num dos varios cafes/restaurantes/lojas/estamines espalhados pelas ruas. Ja a caminho de casa, disse-me que quando eu me fosse embora, perdia uma boa amiga, mas que se iria lembrar sempre de mim...E pensei exactamente o mesmo :) Afinal de contas, sao estas coisas, estas pessoas que acabamos por guardar sempre na memoria, nao 'e? O Ahmad 'e o senhor sorridente que esta 'a esquerda na foto. (Shukran jazeelan, Ahmad!)

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Dia de manif

O dia comecou normalmente, com uma entrevista marcada para as 14h na Embaixada da Holanda, perto de Amarat. Depois de almoco enfrentei o sol e vento sudaneses e caminhei ao longo da longa Afrika Street ate chegar 'a embaixada. Assim que cheguei, a Chefe de Missao que ia entrevistar perguntou-me, imediatamente, se nao tinha tido problemas em chegar ali. Sem perceber o porque da pergunta, respondi que nao, que tinha ido a pe, sem problemas. Percebi a razao de ser da pergunta e a estranha calma dentro da Embaixada, quando me explicou que havia, no centro da cidade, uma manifestacao de cerca de 10000 sudaneses contra a reedicao dos cartoons dinamarqueses sobre Maome e em defesa absoluta do Islao. Por esse motivo, as varias representacoes diplomaticas e internacionais na cidade haviam aconselhado a comunidade estrangeira a evitar aquela zona. So quando cheguei a casa, depois da entrevista, e vi as imagens no noticiario da Aljazeera 'e que me apercebi da real dimensao do acontecimento que levou o proprio Presidente Bashir 'a rua para garantir aos sudaneses que mais nenhum nacional dinamarques pisara solo sudanes.. E foi nessa altura que pensei no jeito que da ser nacional de um pequeno e pacifico pais no cantinho da Europa e que, por estas bandas, poucos conhecem. Amanha volta tudo ao normal e nesta zona da cidade, bem longe do local da manifestacao, nao houve qualquer sinal de perturbacao. As pessoas sorriram e cumprimentaram como nos restantes dias. Mas parece que foi um dia agitado...Espreitem aqui porque: http://english.aljazeera.net/NR/exeres/56B72D55-3F14-4365-B505-885BFBAE2138.htm

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Via verde para o paraiso?


Ainda a proposito do imenso calor fora de epoca, pelo menos para mim, que tenho passado na capital sudanesa, achei particular piada a uma conversa que tive ontem com a secretaria de um alto represante europeu em Khartoum. Dizia-me ela, de nacionalidade egipcia, que o tempo agora nem estava muito mau, mas que a partir de Abril, sim, se torna impossivel aguentar os mais de 50 graus de calor seco, juntamente com as tempestades de areia fortes e constantes; e que por isso nunca passa o mes de Maio em Khartoum e faz tudo para poder tirar ferias nessa altura e rumar 'a sua terra natal, onde esta mais fresco. E acrescentou, em jeito de graca, mas com grande conviccao: ' Eu tenho a certeza que quem consegue viver e sobreviver ao Verao em Khartoum tem entrada garantida no paraiso. Sim, porque o inferno ja o vivemos aqui!' Deixei-me rir, pois claro, porque nao deixa de ter alguma razao...

As consequencias do po..




Os dois pares de sapatos que trouxe, escolhidos ja a pensar na provavel adversidade do terreno local, dificilmente vao voltar a ser os mesmos, tal 'e a camada de po e terra ja entranhada... Garanto-vos que eram bem mais escuros e tinham melhor aspecto que agora. A opcao sandalia, bastante popular por estas bandas nao me convence por razoes obvias. Mas o que mais me surpreende por aqui 'e a naturalidade com que as pessoas usam e abusam dos sapatos brancos.... 'E preciso coragem, sem duvida nenhuma, para sair 'a rua com sapatos brancos, porque a probabilidade de chegarem a casa completamente castanhos 'e, digamos, de 100%!! E quem fala de sapatos fala de calcas tambem. Ora vejam bem o estado em que ficaram as minhas (sim, sao mesmo minhas..) depois de uma manha a percorrer as ruas de Khartoum... Ate parece mal andar assim na rua, eu sei, mas nao tenho grande alternativa. Trabalho a quanto obrigas..;)

domingo, 24 de fevereiro de 2008

As vistas







O grande Nilo Azul


Os pilares de Omdurman
Futebol de 4

As leis e as liberdades

O Sudao 'e um pais maioritariamente muculmano e a capital Khartoum reflecte bem essa maioria. Ha alguns sinais de diversidade religiosa, visiveis em algumas escolas ou igrejas/catedrais catolicas espalhadas pelas varias areas urbanas de Khartoum, mas os simbolos e rituais islamicos destacam-se e dominam em cada rua, esquina ou edificio da capital. As oracoes nas mesquitas sao cumpridas religiosamente 'as horas devidas, o chamamento ouve-se varias vezes ao dia do alto dos muitos minaretes esapalhados pela cidade, e uma copia do Corao ocupa lugar de destaque nos tabliers da grande maioria dos automoveis que circulam pela cidade. O Acordo Geral de Paz, que pos fim ao conflito de decadas entre Norte (maioritariamente muculmano) e Sul (maioritariamente cristao) do pais, inclui a possibilidade de a capital ser terreno 'neutro' do ponto de vista da lei aplicavel, ou pelo menos que a lei islamica nao seja obrigatoriamente aplicada e imposta aos nao-muculmanos. Mas por enquanto, tres anos passados desde a assinatura do acordo, e porque esta 'e uma questao sensivel e de dificil consenso, a Sharia 'e, para todos os efeitos, a lei aplicada em Khartoum e a todos os cidadaos, independentemente da religiao de cada um. E por isso, por exemplo, continua a ser proibido o consumo de alcool. Festas sim, mas com coca-cola ou suminho de fruta, e sem abusos, se fazem favor. Escusado sera dizer que havera sempre formas de fazer chegar bebidas alcoolicas as maos dos nao-muculmanos, e nao 'e invulgar que nas ruas nos abordem perguntando se queremos umas cervejas. Mas algo me diz que, por aqui, 'e melhor ir recusando a oferta e ir matando a sede com aguinha engarrafada.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

A diversidade religiosa




A oracao muculmana lado a lado com a Catedral de S. Mateus

Os 'devishers dancers' do Hamed al-Nil Tomb




O momento alto da visita a Omdurman foi sem duvida vivido em pleno cemiterio, perto do tumulo do Sheik Sufi Hamed al- Nil, onde um grupo de homens e algumas mulheres se juntam para um ritual de danca e oracao - dhikr- e durante o qual recitam continuadamente os nomes de Deus de modo a criar um estado de transe para que os seus coracoes possam comunicar directamente com Deus. A multidao em volta ajuda ao ritual cantando repetidamente 'La illaha illahllah', isto 'e, ' nao ha outro Deus que nao Ala', a primeira frase da profissao de fe muculmana. Acontece todas as sextas-feiras, ao por do sol, na misteriosa zona de Omdurman, onde o Nilo Azul e o Nilo branco se cruzam. E 'e qualquer coisa de extraordinario, garanto-vos.

O 'ovo de Khadafi'


O edificio que se ve na fotografia 'e conhecido em Khartoum como 'the Khadafi's Egg', por ser fruto de investimento libio e por se assemelhar bastante a um ovo. Ninguem sabe muito bem no que resultara quando estiver acabado, mas muitos afirmam que sera o novo hotel de luxo de Khartoum, fazendo concorrencia ao magnifico 'Sudan Grand Villa' (4 estrelas) e ao Hilton (5 estrelas). Como da para perceber, em Khartoum pode nao haver muitas estradas alcatroadas, mas a oferta hoteleira de luxo esta mais do que garantida. Podem, por isso, considerar Khartoum como destino das proximas ferias de verao (mas convem que as gozem no inverno porque ja 'e quentinho q.b.; caso contrario, a coisa aquece a serio e nem o ar condicionado do hotel vos acode..).

Eu, em versao turista


Versao sem lencinho laranja na cabeca, mas 'a turista. N.B.: foto tirada por um 'amigo' sudanes feito em plena avenida do Nilo Azul e que repetia constantemente: 'Oh, I love you Portugal!'(??!!) O nome do rapaz 'e nao so impronunciavel, mas tambem impossivel de escrever, pelo menos por mim..:) Mas obrigada pela foto, claro.

Tcharan!!!



Ora aqui esta a prova de que tenho vestido branco e usado um lenco na cabeca. Eu avisei que nao ia ser bonito...;)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Turista em Khartoum




Como a sexta feira aqui corresponde ao nosso domingo, decidi dar uma de turista e aproveitar o feriado para dar um passeio alargado pela cidade. Khartoum durante a semana e Khartoum 'a sexta-feira sao duas cidades completamente diferentes. As largas centenas de carros que se cruzam de domingo a quinta desaparecem completamente e deixam apenas espaco para os taxis e furgonetas. 'E uma cidade extremamente calma, sobretudo na zona da avenida que ladeia o grande Nilo Azul. Os turistas em Khartoum nao tem a vida facilitada no que toca a fotografias e nem a autorizacao do ministerio do turismo 'e suficiente para nos dar livre-transito pelas ruas da cidade. Fotografias da zona do rio Nilo, entao, 'e quase para esquecer, uma vez que grande parte dos Ministerios e o proprio Palacio Presidencial se situam ao longo da Avenida. Os olhares da policia e dos militares que guardam, bem guardados, estes edificios nao dao sequer margem de manobra para uma foto 'a socapa. Por isso o melhor 'e nao arriscar a sorte e continuar avenida fora admirando a vista. Ah, mas chegando a zona do Palacio Presidencial, nem admirar a vista se pode, pelo que a alternativa 'e acelerar passo e passar sem sequer olhar. Ainda assim, e ao longo da avenida, os varios tipos de seguranca sudaneses (seguranca privado, militares, policia, etc) vao acenando e cumprimentando sempre que podem e nada melhor do que corresponder com um aceno e um cumprimento em 'arabe (que fica sempre bem :) durante o resto da tarde optei por alinhar numa visita guiada organizada pelo Hotel Acropole e esperar ter mais sorte com a fotografias. E valeu bem a pena, porque tirei a desforra! espreitem algumas delas ;)

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

As diferentes (di)visoes da Paz


Uma duzia de dias passados desde a minha chegada ao Sudao e parece-me ser tempo de reflexao e balanco desta realidade que vou observando diariamente. Privilegiando o contacto directo com os varios actores envolvidos (directa ou indirectamente) no processo de paz e de reconstrucao, tenho procurado sentir e conhecer as diferentes visoes da paz num pais que viveu em estado de guerra quase permanente desde a independencia em 1956 e que vive, hoje, um clima de violencia aberta no Darfur, de instabilidade latente a leste de de paz formal a sul. A diversidade e complexidade da sociedade sudanesa 'e, tal como o territorio sudanes, imensa. E essa diversidade esta, para o bem e para o mal, bem patente no dia a dia da capital sudanesa, o que torna dificil juizos de valor e opinioes bem definidas. Pelo contrario, as duvidas sao muitas e admito que se tem instalado uma certa confusao. E grande parte das duvidas decorrem do facto de, nestes ultimos doze dias, me ter passeado pelas ruas de Khartoum num misto de curiosidade, estranheza, espanto, tranquilidade e extrema seguranca (mesmo quando, como hoje, me cruzo com uma coluna da policia militar e de choque estacionada em plena avenida da Universidade). E 'e essa sensacao de seguranca que complica a minha percepcao da realidade. Nao porque quisesse ou preferisse experimentar a sensacao oposta, mas antes porque esta (aparente?) seguranca deixa transparecer, e bem, as diferentes visoes da paz. Em Khartoum nao ha guerra, violencia, assaltos, rixas, desacatos ou assedios e por isso se vive em paz, pelo menos no seu sentido negativo, de ausencia de guerra. Mas em Khartoum ha pobreza, extrema e visivel, a par da riqueza tambem extrema e tambem visivel, numa desigualdade bem ilustrada nos carros topo de gama, blindados, com vidros fumados e ar condicionado que se cruzam com as viaturas bem mais que obsoletas que normalmente servem de taxis, ou nas imponentes e grandiosas mansoes que partilham muros com construcoes praticamente inabitaveis no bairro de Amarat. Poder-se-'a, assim, falar de paz? A paz, no seu sentido positivo, de ausencia de desigualdades? Para algumas das pessoas com quem tenho falado, essa paz nao existe ainda, mas 'e uma aspiracao que acreditam poder concretizar em breve; para muitos outros, pelo contrario, essa paz esta cada vez mais longe. E por tudo isto a seguranca e instabilidade aqui aparentes se tornam profundamente perturbadoras. 'Assombrada' pelas duvidas pergunto-me, na minha curta viagem da sede do PNUD para a sede da Uniao Europeia em Khartoum, qual tem sido entao o envolvimento e papel da 'comunidade internacional'? E vem-me 'a memoria a resposta de um sudanes do sul a quem tinha colocado a mesma pergunta dias antes. Sem qualquer tipo de hesitacao responde-me: 'a comunidade internacional tem demonstrado muito boas intencoes; mas essa mesma comunidade internacional, bem presente no quotidiano dos sudaneses, tem que se convencer de que as boas intencoes nao alimentam as pessoas, nao as protegem e, mais importante que tudo, nao lhes garantem uma paz real no futuro proximo'. Wise words...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Mercado ambulante

Pelas principais arterias da capital sudanesa, frequentemente congestionadas pelo trafego intenso e pelos poucos semaforos (quase) sempre desligados, vende-se de tudo: ferros e tabuas de engomar, cabides, volantes novinhos em folha, espelhos, fosforos, relogios, redes para as janelas, aneis e fios de ouro, maquinas de fazer sumo, bolas de futebol, tapetes, ventoinhas de bolso, toalhas, etc, etc, etc...Os vendedores, esses, aventuram-se, destemidos, por entre os carros, gritando e entrando, literalmente, pelos vidros que vao encontrando abertos e tentando a sorte. Estrangeiros viajando em taxis, tuc-tucs ou furgonetas sao alvos particularmente cobicados, mas nem sempre convencidos da utilidade dos produtos. Mas se passar por alguem a vender chapeus, eu compro um de certeza! 'e que por muito que me tentem convencer que 'e inverno, quem nao aguenta o sol sou eu ;)

Cor-de -laranja (sem qualquer significado politico, ok?)



Em resposta aos muitos pedidos e para satisfazer a curiosidade de outr@s tant@s, aqui fica a foto, em primeirissima mao, do meu lenco cor-de -laranja e que me tem protegido do abrasador sol sudanes. Admito que ate fica bem giro com as roupas de tons claros que fazem, por estes dias, parte da minha indumentaria. Mas essas fotos ainda estao para vir... ainda nao sei se estou preparada para essa grande revelacao! A ver vamos ;)

A escola



Cruzo-me todos os dias com as dezenas de criancas que vao 'a escola (catolica) aqui perto de casa. Brincam, metem-se comigo e riem imenso, sempre que passo por la e nao se fazem rogados 'as fotos da 'foreigner', como me chamam. Delicioso :)

Tempestades de areia


Hoje ate esta bem mais fresco, mas nao se consegue andar na rua por causa da tempestade de areia .... va-se la perceber este tempo sudanes. O cenario hoje 'e este aqui ao lado..

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Pequeno (mesmo pequeno)dicionario 'Arabe-Portugues!

Be kam? = Quanto custa?
Ana kwais = Estou bem
H'uqqah = Garrafa de agua
Inshalah = Oxala
Bokra = Amanha
Aywa = OK!
Kayf = Como estas?
... :)

Regatear no taxi


Tenho-me vindo a aperceber aos poucos que, quando se trata de pagar as viagens de taxi ou furgoneta, a minha capacidade de regateio 'e nula! Foi-me dito por pessoas habituadas a estas coisas que, para percursos dentro da cidade e da cidade ate casa, 5 libras sudanesas (o equivalente a 2 euros, mais coisa menos coisa) 'e um preco justo e suficiente. A verdade 'e que eu acabo por nunca pagar menos de 10/15 libras sudanesas.... e por muito que tente nao consigo convencer ninguem a baixar o preco da viagem. Nao 'e por nada, mas comeco a achar que estou a ser levada. Tambem ja me aconselharam a pre-estabelecer o custo do percurso antes de entrar, para evitar abusos; 'e algo que nunca fiz, mas parece-me que se assim continua a coisa, vou ter de considerar essa tactica :)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

A metropole


Se pensam que Khartoum 'e uma especie de fim do mundo,p para onde ninguem quer vir, digo-vos que estao bem enganados. O aeroporto tem um trafego aereo brutal, com largas dezenas de avioes a aterrar e a descolar por dia. Talvez me de mais conta disso por viver a pouca distancia do aeroporto internacional de Khartoum e por me cruzar, diariamente, com os ditos em plena fase de aterragem, mas parece-me que a capital sudanesa 'e um destino bastante concorrido nos dias que correm..

Ah, e se pensam que aterrar no aeroporto de Lisboa ja 'e assustador, nao queiram passar pela Afrika avenue de Khartoum (que, por acaso, se assemelha bastante a uma pista de aterragem) quando os avioes estao a chegar...'e que nao queiram mesmo...

:)


A minha rua em Amarat


@ Whaid Talatyn! Amarat

Vida universitaria

A Universidade de Khartoum consiste numa amalgama de edificios, muitos deles absolutamente decrepitos, que se espalham por 3 campus universitarios. A maior parte das faculdades e centros de investigacao situa-se no coracao da cidade, nas costas do Nilo Azul e o movimento de estudantes, assim como a sua diversidade cultural, 'e sempre impressionante. 'E igualmente impressionante o muito que se faz por aqui, com o tao pouco que se tem.

circular em Khartoum

Um investigador sudanes da Universidade de Khartoum comentou comigo que a capital tem hoje mais carros do que Nova Iorque. Nao sei se sera assim, mas tenho a certeza de que a destreza 'e definitivamente uma virtude para quem caminha ou conduz pelas ruas de Khartoum. Mas o caos do transito, que obedece a poucas ou nenhumas regras, nao dissuade a maior parte dos sudaneses de tentar a sua sorte a atravessar as ruas, como se a prioridade fosse sempre dos peoes. Eu vou-me habituando aos poucos e sempre que posso ando a pe. Nao consigo evitar algum nervosismo de cada vez que entro num taxi, furgao ou tuc-tuc..'e sempre uma aventura!

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Rotinas


Penso comigo mesma que, em Khartoum, a tarefa diaria de varrer o po dos passeios e de lavar os pneus (sim, os pneus) dos carros sera, no minimo, ingloria. Mas os sudaneses cumprem-nas todos os dias, numa rotina cuidadosa, ate que tudo fique impecavelmente limpo...ou pelo menos ate 'a proxima viagem de carro, ou ate 'a proxima tempestade de areia.

Ja podem espreitar as primeiras fotos


Quando se promete, cumpre-se...mas aviso ja que ainda estou a tentar apurar a minha sensibilidade para aquilo que posso/nao posso, devo/nao devo fotografar. E garanto que nao 'e nada facil.

No Sudao, Portugal equivale a ?

'Hello, how are you!' parece ser a expressao mais comum enquanto se passeia pelas ruas poeirentas de Khartoum, sobretudo quando se 'e notoriamente estrangeiro e branco. A simpatia dos sudaneses 'e grande e genuina, assim como a sua curiosidade, parece-me.
'Where are you from?' tende a ser a pergunta seguinte. 'A resposta 'Portugal', a reaccao 'e frequentemente a mesma: 'Ah, Portugal! Cristiano Ronaldo!Good player, yes!'..
Um taxista comentou mesmo que nao fazia ideia de quem era o Presidente portugues, mas conhecia bem o Cristiano Ronaldo..
Para o bem ou para o mal parece-me, portanto, que o 'menino de ouro' 'e mesmo a imagem de marca do nosso pais. Estou so 'a espera de me cruzar com uma qualquer banca de venda de t-shirts com a cara e/ou nome do rapaz..

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Tarde no shopping


A sexta-feira equivale, no calendario semanal sudanes, ao nosso domingo, pelo que hoje as ruas estavam bem mais calmas. E, portanto, como e domingo, e dia de ir ao shopping. A pouco mais de 5 minutos do aeroporto, eis que encontramos o Afra, enorme superficie comercial, fruto de investimento turco no Sudao, e que proporciona aos habitantes da cidade toda uma serie de lojas e produtos mais ou menos tradicionais, mais ou menos ocidentais. O supermercado e gigantesco e faz inveja a qualquer Modelo ou Continente. A variedade de produtos disponiveis e impressionante (desde vestuario a equipamento electronico, produtos alimentares e de desporto) , assim como o calor la dentro...o espaco tem apenas dois ou tres anos, mas o ar-condicionado ja teve melhores dias.
Ao lado do Afra, rodeado de palmeiras, um enorme parque de diversoes, uma feira popular animada e onde se amontoam pessoas a procura de lugar na roda gigante ou a espera de um pacote de pipocas. Um cenario normal de domingo a tarde...

Esta calor...e e inverno

No meu percurso entre dois centros de investigacao da Universidade de Khartoum, comento com Samia, investigadora e responsavel por um dos centros, sob uns abrasadores 37/38 graus:
-'esta bastante calor, hoje.'
-'Calor? - responde Samia - 'Eu estou cheia de frio! Sabes que para nos e Inverno agora. Se achas que esta calor agora, nao te aconselho a vires no Verao'.

Sorri e calei-me, pois claro, e pensei que se calhar era boa ideia comprar um chapeu...

Salaam Maleikum

Tres dias depois da chegada era tempo de registo junto das autoridades governamentais. O carimbo do registo e devidamente confirmado a saida, e de manha cedo la fomos em direccao a delegacao do ministerio do Interior. A viagem de carro pela cidade e uma aventura; o transito e caotico, sem regras e, a semelhanca do po, a probabilidade de pequenos toques dissuade a maior parte das pessoas de usar carros novos ou em bom estado. A meio da viagem, somos mandados parar pela policia que confirma devidamente a documentacao do meu amigo, funcionario internacional no Sudao ha ja 3 anos. Operacao de rotina concluida, seguimos viagem, pela rua que ladeia o extenso e largo Nilo Azul, passando pelo Palacio Republicano, tentanto encontrar o seccao de registos e seguindo as indicacoes do guia turistico. No Sudao tudo muda rapidamente, pelo que o meu guia de 2007 ja esta desactualizado e ficamos a saber que o registo agora e noutro sitio. Chegados ao local certo, o cenario nao e animador e as varias filas de gente deixam antever um tempo longo de espera. O processo de registo nao e particularmente complicado, bastando uma copia do passaporte e respectivo visto do visitante, uma copia do passaporte de certidao de residencia do meu host, e o pagamento de 90 libras sudanesas (0 equivalente a 30 euros), mas a necessidade de ir de guichet em guichet (um para obter formulario, outro para entregar formulario, outro para pagar e outro para levantar o passaporte), faz com que este seja um processo lento e complicado. Nao fosse a coincidencia e a sorte de encontrarmos um colega de ginasio do meu amigo que se prontificou a ajudar-nos e facilmente teriamos perdido bem mais do que a manha no registo.
Khartoum e uma cidade enorme; em bom rigor sao tres cidades numa, divididas pelo Nilo Azul e por um nova e larga via rodoviaria de 6 faixas que liga o centro ao aeroporto. O calor aperta, o vento e sempre forte, mas as ruas estao sempre cheias de gente. E uma cidade com imensa vida, Khartoum. Nao e particularmente bonita, mas e sem duvida imponente.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

de volta a lingua materna

Porque vozes bem importantes se levantam (nomeadamente a dos pais que querem, e com razao, ler os posts da filha desterrada no sudao), a partir de hoje os posts voltam a ser em portugues (ainda que sem acentos e esses rigores gramaticais, porque o teclado arabe e muito estranho).
o proximo post vai relatar a minha ida ao registo no Ministerio do Interior. Segue em breve..

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Still no photos..

Let me explain why I still haven't posted a photo:
all tourists need a special permit before they start taking pictures. So, I need to go to the Ministry of Tourism and get the authorization first..there will soon be pictures of my light-pale clother also, I promise!

Eat dust...??

I never really understood the expression 'eat dust!', really...until today. In the Amarat neighbourghood, where a lot of expatriates live, the expression is literal: if you walk the streets you DO eat dust, a lot of dust!
Yes, I finally got the corage to go out today. In my first contact with real life Khartoum I chose to go to the supermarket. As soon as I put my feet outside, I had a real strange feeling of being in a totally different world. Dozens of white trucks and cars (mostly UN, Red Cross and cabs) fill the yellow-sandy streets leaving a huge cloud of dust behind. Even with sunglasses it becomes hard to stand the dust..plus the heat, dry and immense, almost unbearable. And I had only walked a few meters..
People, mostly men, walk the streets, run around in cars, motorcycles, trucks and stare at me, selling fresh strawberries and mangoes, offering cab drives.
I continue walking to the busy and large main street where several women, in bright coloured dresses and scarfs, line up selling peanuts and cow-milk. And I continue, trying hard not to be runned-over by one of the drivers, making my way to the supermarket.
Curiosity#1: (almost) all cars are either Hiunday or Toyotta and they all look over-used and old..I assume it must be hard to keep a car clean and good in such a dusty area..
People continue to greet me, offering Gucci and Prada sunglasses and roasted peanuts. I smile and politely say 'no,thank you'.
I finally get to the supermarket and I cannot help but being amazed by the amount of western-type products and brands available. Prices are accessible but the Sudanese pound is not an easy money to use..too many 0000, reminding me of the italian lira, when everything was in millions....Total: 85000 sudanese pouds= 42 USdollars.
Curiosity #2 (or not that curious at all?): there is a police officer in every corner. In their pale blue uniform, differing from the majority of white and couloured clothings, they're not difficult to spot at the distance.
Heading back home, I have the same feeling of strangness, although now with a 5l bottle of water and a handbag of groceries. A sign that I am starting to adapt?...hopefully it is!
Tomorrow is registration day at the Ministry of Interior...I'll let you know how it went.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

The journey...the long journey to Khartoum

The journey did not really start as planned and the delayed flight from Lisbon to Munich ended up in me missing the connection flight to Cairo and having to stay the night in Munich. The plan b (somehow my life in the past few months has been based on plans a, B, C, Z...), was to catch the same flight the next day and arrive one day later in Khartoum.. Not planned, but not the end of the world either, I thought. Checked in a nice central hotel, I made my way through the streets of Munich hoping I could still get to know a little bit of this typically Bavarian town. If it wasn't for the freezing cold (5 degrees celsius) and my summer-type clothes (come on, I was going to Sudan, 35 degrees, of course I was wearing light clothes!) it would have been a nice walk around. I ended up red-nosed, freezing and rushing to the hotel and watching some dubious german tv shows (the more I know european television, the more I think portuguese TV is actually not that bad..). The complete tour in Munich is, therefore, postponed.
Sunday, 10th February: Back to Munich airport and heading to Cairo after a turbulent quest for a paper ticket that would check me in. Arrival in Cairo was ... how should I say..odd..All the transit passengers were put in a so-called Trasnfer Desk that was basically a small room, and asked to wait for someone who would drive us to the correct transfer's terminal. Everything would have gone alright and fast, I supose, if it wasn't for the final match of the African nation's cup: Egypt vs Cameroon. The airport litteraly stopped, there was noone at the desks, everyone with their eyes glued to a TV screen in a corner of the terminal.
Eventually a guy came to me and asked me where I was going to. 'Khartoum', I said. 'Ok', he said, ' you wait here 10 minutes...no, 20 minutes and then I will drive you to the right terminal, ok?'
of course, I quickly understood that those 20 minutes corresponded exactly to the time for the match break!
Anyway, almost 4 hours later I finally got the boarding pass and my passport back. Surreal, at minimum, but things work somehow... By the way, Egypt won the match (1-0) and is again the african champion. After the game, life in Cairo International airport went back to normality.
Flight 321 from kenya airways departed Cairo at 23:25 and landed in Khartoum at 03:05 am. Watched 'The Darleejing Limited' during the entire flight. Nice movie, by the way! A bit weird, but good...
And that' s how I finally got to Khartoum..

Prayer time

It's 1:15 pm. Outside I hear the call for the muslim prayers...it's the second time since I arrived. The first one was very early in the morning, around 6:am..It woke me up from my light post-arrival sleep.
It's a mostly Muslim country/city so I guess I will get used to this calling. I'm still inside...not ready to face reality yet, maybe? No, just feeling lazy and tired, actually..

At Last..

Monday, 11 february: 24hours later than what initially planned, I finally arrive in Khartoum. At 03:05 am the flight KQ321 from Cairo to Nairobi via Khartoum lands in Khartoum international airport. It's warm, dry and dark as hell. UN planes and palm trees all over the place and a (I assume) typically sudanese building hosts the arrivals lounge of the airport. It's a beautiful building and much more confortable than the one in Cairo International airport. There are unclaimed bags and suitcases in a corner and a small cat walking around..
With my passport checked and stamped I made my way to the baggage belt hoping my big suitcase was not left somewhere between Munich and Cairo...It didn't, fortunately.
My friend Rogerio was already expecting me outside and the drive home was fast and smooth made through a large and brand new asfalt road. 'Don't get too impressed.The asfalt will end as soon as we enter the neighbourhood', Rogerio warned me. And it did in fact as we arrived to his place, which will host me for the next 25 days.
I'll keep you posted! Promiss..

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Counting down...

9/02/08
9h40 - Lisbon- Munich- Cairo- Khartoum

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

A pedido de alguns


A pedido de alguns (bons) amig@s que devem achar que estou em estado já algo avançado de loucura por escolher o Sudão como poiso para um mês de investigação académica, numa altura em que a vizinhança lá para aqueles lados anda um nadinha instável (ele é motins no Chade, arruaças violentas no Quénia, perturbações na República Centro Africana...) decidi arregaçar mangas e criar este blog. Será certamente uma forma de ir dando a notícias a quem por cá fica e que ainda se vai preocupando comigo... Prometo, sempre que possível, ir deixando fotos, estados de alma, impressões e relatos da vida na capital do maior país africano e naquela que é considerada uma das cidade mais seguras de África..I wonder why?.. Não se preocupem, o Sudão é mesmo grande e de Cartum ao Darfur ainda são uns km valentes.. E como eu sei que por lá reina uma ditadura pouco simpática e pouco (ou nada?) amiga dos Direitos Humanos, prometo portar-me bem e ter cuidado com o que digo e por onde ando!

Eu sigo sábado. O próximo post segue em breve, espero...

Até lá!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Coloridos



Ah, e se pensam que me vão ver vestida de lindos tons de amarelo, vermelho sangue ou verde alface, esqueçam...vou andar de branco e caqui e já vai ser o bom e o bonito. E se alguém disser que me viu assim vestida eu nego, claro...livra!