domingo, 24 de fevereiro de 2008

As leis e as liberdades

O Sudao 'e um pais maioritariamente muculmano e a capital Khartoum reflecte bem essa maioria. Ha alguns sinais de diversidade religiosa, visiveis em algumas escolas ou igrejas/catedrais catolicas espalhadas pelas varias areas urbanas de Khartoum, mas os simbolos e rituais islamicos destacam-se e dominam em cada rua, esquina ou edificio da capital. As oracoes nas mesquitas sao cumpridas religiosamente 'as horas devidas, o chamamento ouve-se varias vezes ao dia do alto dos muitos minaretes esapalhados pela cidade, e uma copia do Corao ocupa lugar de destaque nos tabliers da grande maioria dos automoveis que circulam pela cidade. O Acordo Geral de Paz, que pos fim ao conflito de decadas entre Norte (maioritariamente muculmano) e Sul (maioritariamente cristao) do pais, inclui a possibilidade de a capital ser terreno 'neutro' do ponto de vista da lei aplicavel, ou pelo menos que a lei islamica nao seja obrigatoriamente aplicada e imposta aos nao-muculmanos. Mas por enquanto, tres anos passados desde a assinatura do acordo, e porque esta 'e uma questao sensivel e de dificil consenso, a Sharia 'e, para todos os efeitos, a lei aplicada em Khartoum e a todos os cidadaos, independentemente da religiao de cada um. E por isso, por exemplo, continua a ser proibido o consumo de alcool. Festas sim, mas com coca-cola ou suminho de fruta, e sem abusos, se fazem favor. Escusado sera dizer que havera sempre formas de fazer chegar bebidas alcoolicas as maos dos nao-muculmanos, e nao 'e invulgar que nas ruas nos abordem perguntando se queremos umas cervejas. Mas algo me diz que, por aqui, 'e melhor ir recusando a oferta e ir matando a sede com aguinha engarrafada.

1 comentário:

Briosafreak disse...

Há uns cinco anos atrás fui content manager e "newsie" de um site de jogos. Todas as noites estava em contacto com pessoas de todo o mundo, por uma razão ou outra.

Um desses contactos era um rapaz novo da Indonésia, que tinha sempre uma palavra simpática e perguntas sobre futebol português.

Um dia perguntei-lhe porque é que ele me falava sempre à mesma hora, quando devia ser meio da noite no país dele.

Ele explicou-me que realmente pouco passava das cinco da manhã, que era a hora em que ele se levantava e vinha para o computador pela primeira vez, por ser a hora da primeira oração do dia.

Perguntei-lhe se era muito religioso, e ele respondeu-me que nem por isso, e que na verdade até era cristão, mas morava a dois quarteirões da maior mesquita de Jacarta, e era impossível a alguém dormir com o volume que vinha das colunas da mesquita.

O maior sonho dele era um dia vir morar para a Europa ou para a Austrália para "poder dormir" :)